As transformações sociais e culturais das últimas décadas trouxeram debates essenciais sobre o papel das mulheres na sociedade, especialmente no mercado de trabalho. Cada conquista nesse campo é reflexo de um longo caminho de luta por igualdade e valorização, que hoje se traduz em direitos fundamentais previstos na legislação brasileira. No ambiente profissional, a proteção às mulheres não é apenas uma questão de justiça, mas um passo indispensável para a construção de espaços mais inclusivos e equilibrados.
No Brasil, a legislação trabalhista garante às mulheres uma série de direitos específicos, que visam assegurar um tratamento igualitário e proteger sua saúde, dignidade e bem-estar no trabalho. Entre esses direitos, a igualdade salarial, a proibição de discriminação, a licença-maternidade, o repouso para amamentação e a proibição de exames de gravidez são apenas alguns dos aspectos mais importantes. No entanto, a efetivação desses direitos ainda enfrenta desafios e é necessário estar atento à forma como eles são aplicados na prática.
A igualdade salarial, por exemplo, é um dos direitos mais emblemáticos, que garante que mulheres e homens recebam o mesmo salário quando desempenham as mesmas funções, com igual produtividade e responsabilidade. Contudo, a realidade ainda demonstra desigualdades salariais persistentes em diversos setores, o que torna fundamental a aplicação de leis mais rigorosas, como a Lei nº 14.611/2023, que pune a discriminação salarial.
Outro direito importante é a proibição de discriminação no acesso ao trabalho e nas condições de emprego. Isso significa que as mulheres não podem ser tratadas de forma desigual, seja na hora de contratar, seja no momento de promover ou demitir, com base em seu gênero ou estado civil. Além disso, a exigência de exames de gravidez para a contratação é proibida, um avanço importante para garantir a intimidade e a dignidade da mulher no processo seletivo.
A licença-maternidade é uma das garantias mais conhecidas e oferece às mulheres o direito ao afastamento remunerado por, no mínimo, 120 dias. Esse direito é uma forma de proteger tanto a saúde da mãe quanto a do bebê. Empresas que aderem ao Programa Empresa Cidadã podem até estender esse período para 180 dias, proporcionando mais tempo para o vínculo familiar ser fortalecido. Além disso, após a licença-maternidade, a mulher tem o direito de contar com intervalos diários para amamentação, o que é essencial para a saúde do bebê e para permitir que a mãe continue a conciliar sua vida profissional e familiar.
Esses direitos representam um avanço importante, mas ainda há muito a ser feito para que todos sejam efetivamente respeitados e aplicados de forma equitativa. Embora a legislação seja clara, a realidade cotidiana das mulheres no mercado de trabalho revela que ainda existem desafios estruturais e culturais que dificultam a plena realização desses direitos. Muitas mulheres enfrentam dificuldades para exigir seus direitos ou têm medo de retaliações, o que impede a efetivação plena da legislação.
Por isso, é fundamental que os empregadores adotem práticas inclusivas que promovam a igualdade de oportunidades para homens e mulheres. Além disso, o papel dos advogados é essencial para orientar as mulheres sobre seus direitos e como garantir que sejam respeitados no ambiente de trabalho. A conscientização sobre esses direitos e a luta pela sua implementação são fundamentais para que o mercado de trabalho se torne, de fato, um espaço mais justo e equilibrado para todos.